quarta-feira, 15 de abril de 2009

Sem Final 1 - Lágrima...

A chuva caia forte, ele andava pesaroso, de cabeça baixa, os cabelos ensopados a grudar pelo rosto e pescoço, a rua estava deserta, ou quase, a chuva caíra repentinamente, algumas pessoas ainda corriam perdidas a procura de abrigo, ele sabia que ia chover, mas precisava sair, precisava sair de lá.
Momentos atrás, não mais de 15 minutos, ele estava sentado em uma confortável poltrona de uma luxuosa casa na Rua 13, estava nervoso, melhor dizendo, ansioso, não sabia qual o motivo de estar ali, estava ali porque ela o chamara, é claro, mas para que? Para que fora chamado ali? Era a casa dela, logo, ele sendo quem era não deveria sentir-se nervoso, mas pouquíssimas vezes estivera ali, e não guardava boa lembrança alguma destas vezes, por isso, temia o que estava por vir.
Não falhara em suas previsões, a casa número nove da Rua 13 nunca lhe trará boas lembranças, e quando se diz nunca, é nunca que se quer dizer. Possivelmente não tornaria a tocar a sineta daquela residência, a ancestral casa dos Fernandez, como outrora lhe esfregaram na cara, se possível, não passaria sequer na Rua 13 novamente, nem mesmo poria os pés em suas esquinas ou nos arredores.
Ele passava pela Praça da Vitória, alguns mendigos tentavam proteger-se da chuva com papelões, a chuva não parecia que ia parar tão cedo, mas ele não se importava, soubera que ia chover através dela, ela ao pedir-lhe que ficasse um pouco mais, tentara usar a chuva para fazê-lo ficar, queria conversar.
Ora, não haveria mais conversas, nenhuma troca de palavras haveria mais entre ele e ela, este era o desejo dele, não demonstrara fraquezas em frente a ela, disse-lhe apenas que teria que ir, tinha assuntos a tratar, ela pediu-lhe que ficasse e conversasse, ele abriu a porta e partiu. Antes mesmo de deixar a Rua 13 sentira os primeiros pingos d'água, olhara uma última vez para trás, vira uma última vez a fachada da ancestral casa dos Fernandez, divisara um espectro do passado na turva janela.
Ele encontrava-se ao centro da Praça da Vitória, frente ao monumento da deidade, olhara para cima, em direção a estatua, lá estava ela zombeteira, com o estandarte nacional em uma mão e uma espada erguida aos céus na outra. Ele aproximou-se do monumento, sentou-se num degrau aos pés deste, olhou para uma poça d'água e viu-se a remoer memórias.
Passou-se um bom tempo e ele ali, até que a chuva parou, repentinamente como viera, a chuva se foi, lembrou-se ele então dela, que também por acaso lhe encontrara, e agora, sem motivos o deixara, olhando para o céu, agora estranhamente límpido, sentiu finalmente a correr nas faces a lágrima contida a duras penas, perdera seu amor, perdera sua vida...

Nenhum comentário:

Postar um comentário