quarta-feira, 15 de abril de 2009

Velharias 1

Ode ao Descartes

Penso, logo existo
Existo, logo penso
Penso, logo existo
Existo, logo penso

Quanto mais eu penso
Mais eu existo
Quanto mais eu penso
Mais eu existo
Quanto mais eu penso
Mais eu desisto

Por pensar demais
Existi demais
Desisti demais
Por pensar demais
Existi demais
Desisti demais

Penso, logo existo
Existo, logo penso
Quanto mais eu penso
Mais eu existo
Mais eu existo
Quanto mais eu penso
Quanto mais eu penso
Mais eu desisto

Por pensar demais
Desisti demais
Por pensar demais
Desisti demais

Penso, logo existo
Existo, logo penso
Penso...
E desisto

Sem Final 2 - Que Noite...

Chegara ao anoitecer, ela o esperava, vestida num roupão felpudo (só isso?), sentada ao balcão que dividia a copa da cozinha, nas mãos uma xícara fumegante que sofria ação de seu sopro (os lábios dela formando um bico para resfriar o sopro), ela o olhou ainda soprando o café, parou, olhou-o novamente e sorriu (sorriso lindo), perguntou como ele estava (estou bem), levantou-se, pôs a xícara no balcão, beijou-o...
Os lençóis da cama revirados (que noite!), ele ouve o trinco da porta, olha para ela, (que mulher!), nas mãos ela traz uma bandeja, na bandeja um copo esbranquiçado de tão gelado, uma xícara fumegante, um sanduíche, ele ergue-se, toma a bandeja das mãos dela e a põe no criado-mudo, olha-a por inteiro, ela o indaga o que há, ele ri, toma-a nos braços e a joga na cama (tu, tu é o que há) beija-a...
Eles saíram do banho, vestiram-se entre furtos e trocas de beijos e caricias, riam-se ao sair do quarto. Despediu-se, abriu a porta e partiu...

Sem Final 1 - Lágrima...

A chuva caia forte, ele andava pesaroso, de cabeça baixa, os cabelos ensopados a grudar pelo rosto e pescoço, a rua estava deserta, ou quase, a chuva caíra repentinamente, algumas pessoas ainda corriam perdidas a procura de abrigo, ele sabia que ia chover, mas precisava sair, precisava sair de lá.
Momentos atrás, não mais de 15 minutos, ele estava sentado em uma confortável poltrona de uma luxuosa casa na Rua 13, estava nervoso, melhor dizendo, ansioso, não sabia qual o motivo de estar ali, estava ali porque ela o chamara, é claro, mas para que? Para que fora chamado ali? Era a casa dela, logo, ele sendo quem era não deveria sentir-se nervoso, mas pouquíssimas vezes estivera ali, e não guardava boa lembrança alguma destas vezes, por isso, temia o que estava por vir.
Não falhara em suas previsões, a casa número nove da Rua 13 nunca lhe trará boas lembranças, e quando se diz nunca, é nunca que se quer dizer. Possivelmente não tornaria a tocar a sineta daquela residência, a ancestral casa dos Fernandez, como outrora lhe esfregaram na cara, se possível, não passaria sequer na Rua 13 novamente, nem mesmo poria os pés em suas esquinas ou nos arredores.
Ele passava pela Praça da Vitória, alguns mendigos tentavam proteger-se da chuva com papelões, a chuva não parecia que ia parar tão cedo, mas ele não se importava, soubera que ia chover através dela, ela ao pedir-lhe que ficasse um pouco mais, tentara usar a chuva para fazê-lo ficar, queria conversar.
Ora, não haveria mais conversas, nenhuma troca de palavras haveria mais entre ele e ela, este era o desejo dele, não demonstrara fraquezas em frente a ela, disse-lhe apenas que teria que ir, tinha assuntos a tratar, ela pediu-lhe que ficasse e conversasse, ele abriu a porta e partiu. Antes mesmo de deixar a Rua 13 sentira os primeiros pingos d'água, olhara uma última vez para trás, vira uma última vez a fachada da ancestral casa dos Fernandez, divisara um espectro do passado na turva janela.
Ele encontrava-se ao centro da Praça da Vitória, frente ao monumento da deidade, olhara para cima, em direção a estatua, lá estava ela zombeteira, com o estandarte nacional em uma mão e uma espada erguida aos céus na outra. Ele aproximou-se do monumento, sentou-se num degrau aos pés deste, olhou para uma poça d'água e viu-se a remoer memórias.
Passou-se um bom tempo e ele ali, até que a chuva parou, repentinamente como viera, a chuva se foi, lembrou-se ele então dela, que também por acaso lhe encontrara, e agora, sem motivos o deixara, olhando para o céu, agora estranhamente límpido, sentiu finalmente a correr nas faces a lágrima contida a duras penas, perdera seu amor, perdera sua vida...

terça-feira, 14 de abril de 2009

Novo Projeto: Seguindo Carreira Solo...

Advindo não apenas de uma insana mente, mas também de um problemático coração, senti-me meio que preso em concatenações, lá em minha outra casa (jornalistaliterato.blogspot.com) , logo, após uma rápida reflexão sobre o assunto, e posteriormente uma prolongada fase de coleta de coragem (é que a minha sempre vive espalhada por aí...), resolvi finalmente lançar este projeto estritamente literário, para que eu possa expor as minhas crias não tão amadas e apreciáveis assim...

Espero que gostem, ou ao menos, que não desgostem...

Abraços não tão afetuosos...
(estamos nos conhecendo ainda...)